Querido leitor,
“Espero poder contar tudo a você, como nunca pude contar a ninguém, e
espero que você seja uma grande fonte de conforto e ajuda”
Anne Frank, 12 de junho de 1942.
Hoje vou escrever o que
seria uma provável parte de meu diário. Pelo menos seria se eu tivesse um.
Estou cada vez mais
chocado com o número de pessoas racista na nossa sociedade atual.
Frequentemente vejo pessoas ditas cultas, ou ainda “pessoas importantes” tendo
comportamentos preconceituosos em pleno século XXI. Nunca consegui entender o
que faz alguém pensar que é superior a outra pessoa simplesmente pelo fato da
sua etinia ser diferente. E também nunca entendi o termo “racista”. Racista é
aquele que é contra a raça humana? Porque só existe uma.
Em uma rápida pesquisa na
internet percebi que atualmente ainda existem diversos grupos (neo)nazistas
pelo mundo. O pior é que alguns (vários) desses grupos estão no Brasil. Sim, no
Brasil!! São mais de 150 mil neonazistas
espalhados pelos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná, Distrito Federal e Minas Gerais.
Fiquei decepcionado ao perceber que a grande maioria desses neonazistas estão
localizados no sul do país. Além disso existem mais de 20.500 sites nazistas
que ensinam a matar e a fabricar bombas.
Esses grupos nazistas são
conhecidos por defenderem a segregação racial, que seria basicamente dividir a
sociedade em uma “hierarquia racial” onde o “branco” estaria no topo dessa
hierarquia; e cada etnia formaria uma sociedade separada com suas próprias
leis. Essas comunidades no Brasil são declaradas contra (e quando digo contra é
no sentido de ódio) judeus, negros, nordestinos, homossexuais, moradores de
rua, imigrantes bolivianos e indígenas. Para eles essas outras etnias roubam o
espaço no mercado de trabalho e na univerdade que seria por direito deles
(direito de quem?). Eles ainda negam o
holocausto e não se declaram racistas, e sabe porquê? Porque o racismo é crime
no Brasil. Assim eles se auto-denominam como uma comunidade racialistas (grande
diferença, né?).
Acordei querendo escrever
esse “diário” incentivado pela pequena e genial Anne Frank, que escreveu um dos
principais livros do século XX e um dos livros mais emocionantes que já li. O
Diário de Anne Frank.
O Diário de Anne Frank
foi escrito quando ela tinha entre 13 e 15 anos de idade durante o período
nazista na Europa (entre 1942 e 1944). Ela foi uma adolescente alemã de origem
judaica e foi vítima do Holocausto (assim como outros milhares de judeus). Morreu
aos quinze anos de idade num campo de concentração em Auschwitz (Polônia). Seu
diário (este que estou apaixonado e não consigo parar de ler) foi publicado
postumamente pelo seu pai (Otto Frank, que foi o único sobrevivente da família).
Neste diário ela escreveu as experiências do período em que a sua família se
escondeu em um local conhecido como “anexo secreto” e que hoje em dia é um
museu muito famoso em Amsterdã.
O sonho dela, mesmo no
meio da guerra, era ser escritora. Felizmente (ou infelizmente porque o final é
muito triste) a brutalidade, a intolerância e o nazismo não tiraram esse sonho
dela, e seu primeiro e único livro é hoje em dia referência mundial contra o
preconceito. E eu fico feliz que ela tenha conseguido alcançar seu sonho, mesmo
que tenha sido de forma tão triste.
Na verdade, para mim,
todo o preconceito é fruto da ignorância. E o racismo é o pior dos preconceitos.
É fruto da intolerância de uma sociedade injusta.
Então eu gostaria de
deixar este pequeno texto em memória a Anne Frank… e a todos judeus, negros,
nordestinos, homossexuais, imigrantes, moradores de rua e a outras tantas etnias
que ainda sofrem com a brutalidade de uma parte da sociedade. Tantos que sonham
por mais justiça e tolerância, assim como Anne.
Anne Frank encontrou na
arte de escrever seu conforto para enfrentar o ódio, e isso merece meu respeito.
“O papel
tem mais paciência que as pessoas”
Anne Frank, 20 de junho de 1942